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Arquitetos: Lucija Penko, Medprostor d.o.o.
- Ano: 2018
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Fotografias:Janez Marolt
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Fabricantes: BORA, Flos, Jansen, Nestor Martin, Vibia
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto está implantado em um local de clima mediterrâneo e paisagem rochosa, pontuada por intermináveis plantações de uva e florestas de pinos.
Dutovlje está localizada no extremo oeste da Eslovênia, muito próxima da fronteira com a Itália. Um velho celeiro, com suas paredes tortas e irregulares encontrava-se abandonado no centro desta pequena aldeia, cercado por pequenas casas ao longo de uma via estreita. Parecia que esta estrutura sólida e primitiva havia brotado do chão, como uma rocha que assume as formas geométricas de um edifício qualquer.
A reforma desta estrutura robusta e decadente foi levada à cabo com todo o respeito e consideração por seu passado, procurando manter o maior numero possível de elementos originais, agregando somente o estritamente necessário; Cada componente desta ruína de pedra contava uma história, as aberturas na rocha, os caixilhos desgastados das portas, a estrutura carcomida do telhado e a fachada desbotada. Quem morava neste celeiro era Sivka, uma vaca chamada "Lavanda". Por isso decidimos por rebatizar este celeiro no momento em que se transformou em casa. Ele passou a chamar-se "Kambra", um termo vernacular relacionado à tradicional arquitetura Karst.
No jardim posterior, um novo edifício de apoio foi construído para complementar os espaços da Kambra. O espaço gerado pelos dois volumes configura um pátio protegido, reinterpretando esta tradicional tipologia local e transformando-o no coração do novo projeto.
Os principais materiais incorporados na reforma do edifício são bastante simples e perenes; Este é um espaço tátil, uma experiência sensorial conectada aos materiais: uma base de concreto, detalhes em ferro e suaves superfícies de madeira de carvalho.
A solidez dos materiais utilizados tem a ver com a passagem do tempo e em como esta estrutura tem resistido à ele, celebrando suas marcas e cicatrizes. O concreto utilizado no interior do antigo celeiro complementa perfeitamente a materialidade da pedra. Do lado de fora, a nova estrutura construída em concreto aparente, assemelha e complementa o volume principal, fazendo reverência à seu passado e inspirando o seu futuro.
O celeiro envelheceu e resistiu ao tempo ao longo dos últimos 400 anos. Sua transformação contínua serviu de inspiração para o nosso projeto. O novo edifício de concreto também envelhecerá e sofrerá a ação do tempo. Como uma rocha, ele se tornará parte da paisagem, aproximando-se cada dia mais da sua fonte de inspiração e tempo continuará desempenhando seu papel, transformando continuamente a arquitetura até toma-la inteiramente para si.